Afinal, em qual momento da vida a velhice realmente começa?

O conceito de velhice está mudando. Descubra como a ciência redefine esse estágio da vida e quais são os novos parâmetros.

Já pensou que a velhice pode começar mais tarde do que você imagina? Hoje, pessoas com 60 anos não se identificam mais como envelhecidas, diferentemente de gerações anteriores. A ciência vem revelando que a percepção de ser idoso é mais uma construção social do que um evento biológico inevitável.

A busca eterna pela juventude é um mercado em plena expansão. Estimativas indicam que o setor antienvelhecimento, atualmente avaliado em bilhões, deverá crescer ainda mais nos próximos anos. Cremes, suplementos e academias são apenas algumas das estratégias usadas para adiar os sinais do tempo.

Entretanto, o envelhecimento é um processo que pode ser modificado. Eric Verdin, do Buck Institute, nos EUA, destaca que não existe um ponto exato que determine quando a meia-idade se transforma em velhice. A percepção pessoal e a idade biológica têm ganhado mais destaque do que a contagem cronológica.

Apesar de serem consideradas idosas, as pessoas mais velhas não sentem tanto os impactos da velhice – Imagem: koldo_studio/Shutterstock

A redefinição da velhice

Pesquisas recentes, como a conduzida por Markus Wettstein na Alemanha, mostram que a idade em que uma pessoa é considerada velha está se elevando. Adultos hoje se sentem mais jovens do que os de décadas passadas. A longevidade crescente contribui para essa mudança de percepção.

Fatores históricos influenciaram a forma como percebemos a idade avançada. No Ocidente, a aposentadoria marcou a mudança do foco das habilidades para a idade cronológica. Assim, mesmo com a expectativa de vida aumentando, a faixa entre 60 e 65 anos ainda define o início da velhice para muitos.

O impacto da cultura e os estigmas do envelhecimento

Em culturas ocidentais, envelhecer muitas vezes carrega estigmas negativos. Isso contribui para uma crise de discriminação etária. Tal preconceito pode ter efeitos devastadores na saúde e no bem-estar, conforme a OMS. No entanto, em lugares como China e Japão, a velhice é vista como uma virtude.

A professora Becca Levy, de Yale, estuda como as crenças sobre a idade afetam a saúde. Crenças negativas podem prejudicar a saúde física e mental, enquanto as positivas trazem benefícios. Os custos da discriminação por idade nos EUA alcançam bilhões de dólares anualmente.

Quando exatamente começa a velhice?

Apesar do avanço nas pesquisas sobre envelhecimento, ainda não há consenso sobre quando ele realmente começa. A definição sobre envelhecer varia, sem uma maneira única de medi-lo. Fatores como estresse e doenças podem acelerar o envelhecimento biológico.

Embora não haja marcadores universais, os cientistas tentam identificar biomarcadores confiáveis. Perfis lipídicos, danos ao DNA e capacidade física são algumas áreas de estudo. No entanto, uma ferramenta definitiva para avaliar o envelhecimento saudável ainda está por ser desenvolvida.

O fascínio pelos “superidosos”

Algumas pessoas, os chamados “superidosos”, conseguem manter saúde e vitalidade bem depois dos 70 anos. Pesquisadores esperam aprender com eles para prolongar a vida saudável de outros indivíduos. Até 2050, um terço da população mundial terá 60 anos ou mais, tornando essa pesquisa ainda mais crucial.

Verdin espera que seus estudos ajudem a oferecer anos a mais de vida sem doenças crônicas. Assim, espera-se mudar a percepção pública e tornar o envelhecimento menos negativo. Afinal, a velhice é um processo contínuo e pessoal, redefinido pela ciência e pela sociedade.

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