Crítica cresce contra estereótipo de 'mulheres boas para o casamento' na China

Uma tempestade virtual tomou conta da China, onde uma tendência que promove a imagem de mulheres como “boas para o casamento” ganhou destaque, incitando um intenso debate sobre independência e papéis de gênero numa sociedade com significativos desafios demográficos.

Sobre a tendência “boa para o casamento”

Imagem: Mike Goldwater/Alamy

A recente tendência, marcada por maquiagem em tons pastel e trajes modestos, ganhou destaque entre influenciadores, sendo fortemente influenciada pelo drama de 2021 chamado “Brilliant Girls”.

Este drama conta a trajetória de uma mulher ansiosa para se casar, uma trama que causou polêmica desde a sua estreia.

Yi Song, uma das principais defensoras dessa estética, compartilha frequentemente dicas de estilo que se alinham ao conceito “bom para o casamento”. Contudo, essa moda não encontrou aceitação universal.

Muitos alegam que ela coloca uma pressão desproporcional sobre as mulheres para que adotem uma única identidade focada no matrimônio, justamente quando a China vê uma diminuição nas taxas de casamento e natalidade, marcando sua primeira queda populacional em mais de 60 anos.

A Rede de Ação das Mulheres, grupo japonês, sugere que essa moda tem origem na cultura estilística do Japão, evidenciando as nuances das influências culturais na moda global.

A resistência a essa tendência é claramente vista no Weibo, plataforma de microblogs chinesa, onde muitas mulheres usam a hashtag “Ser adequada para ser uma esposa não é um elogio; é ofensivo”, demonstrando sua oposição.

Essa hashtag gerou milhões de interações e deu origem a um movimento de mulheres buscando reafirmar sua autonomia e identidade, contestando estereótipos de gênero.

Alguns ainda argumentam que os homens deveriam lidar com expectativas sociais semelhantes quanto ao casamento e aparência, salientando que essa responsabilidade não deveria ser exclusiva das mulheres.