Um estudo recente, publicado na revista científica European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience por pesquisadores brasileiros, revelou novas informações sobre o padrão de funcionamento do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) em adultos de meia-idade.
Embora comumente associado à infância, a trajetória dos sintomas do TDAH em adultos era pouco conhecida pela ciência até agora.
O que é TDAH?
TDAH é um transtorno de neurodesenvolvimento com causa principalmente genética, caracterizado por um padrão persistente de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
O diagnóstico é clínico, sendo baseado nos sintomas relatados pelo paciente. O tratamento do TDAH envolve o uso de medicamentos psicoestimulantes que atuam sobre o neurotransmissor dopamina, ajudando no funcionamento cerebral e reduzindo sintomas de distração e hiperatividade.
É importante lembrar que cada caso é único e o tratamento deve ser individualizado e acompanhado por profissionais qualificados.
Padrões de funcionamento do transtorno
A pesquisa sobre o TDAH na faixa etária de 34 a 47 anos encontrou três padrões de funcionamento do transtorno:
Persistente: manutenção da sintomatologia do TDAH, presente em 70% da população estudada, mais comum em indivíduos do sexo feminino e naqueles com comorbidades, como distúrbios de humor e ansiedade.
Flutuante: instabilidade dos sintomas, ora apresentando o TDAH ora não, presente em 25% dos casos, mais comum em pessoas do sexo masculino e sem comorbidades.
Remissão: um evento raro em que o quadro de TDAH é extinto, presente em somente 5% dos indivíduos pesquisados, ao contrário do que ocorre na passagem da infância para a vida adulta.
A pesquisa excluiu dados de pessoas em uso de medicamentos para TDAH para avaliar remissão e flutuação dos sintomas.
Para ser considerado em remissão, o paciente precisava ter três ou menos dos 18 sintomas avaliados e não sentir prejuízos decorrentes desses sintomas. A pesquisa não investigou as razões da flutuação dos sintomas ao longo do tempo.
Explorando os Bastidores da Pesquisa: Como Tudo Foi Feito
Foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar a presença de sintomas de TDAH e seus possíveis prejuízos em 323 indivíduos acompanhados ao longo de 13 anos (2008-2020) pela equipe do Prodah (Programa de Transtornos de Déficit de Atenção) do Hospital das Clínicas de Porto Alegre.
Os participantes foram avaliados em relação ao seu estado de saúde mental.
Adicionalmente, foi realizada uma análise genética dos pacientes, que evidenciou que os indivíduos com escore poligênico para depressão apresentam quadros mais estáveis e graves de TDAH.
Cabe ressaltar que o escore poligênico é uma medida biológica que considera as variantes genéticas que modulam o risco de desenvolver determinada condição.
Dessa forma, os escores poligênicos têm potencial para se tornar uma ferramenta complementar para auxiliar no diagnóstico e na identificação do transtorno primário de um paciente, sobretudo em situações em que os sintomas de doenças mentais se confundem.