Crianças que abusam do celular podem ter problemas de desenvolvimento
Especialista explica como o uso do celular por crianças interferem no seu desenvolvimento, se tornando um grande vilão na formação.
Celular é um objeto presente na vida de grande parte das crianças e dos adolescentes. Apesar de ser um objeto com várias funções, o celular acaba sendo usado, principalmente, como um meio de entretenimento no caso das crianças.
É durante a infância que as crianças estão curiosas e dispostas a conhecer o mundo, chegando a famosa “fase dos porquês”, durante esta etapa o cérebro está se desenvolvendo se formando e essa evolução se chama neuroplasticidade.
A neuroplasticidade é responsável pelo aprendizado, memória e mudanças de comportamento. É o processo pelo qual o cérebro muda a sua estrutura e função à medida que é exposto a novos estímulos e experiências, permitindo que se adapte às mudanças ambientais e seja capaz de responder de forma eficaz a novos desafios.
E esse processo acontece de forma muito mais intensa na infância e é extremamente crucial para o desenvolvimento cerebral das crianças. Porém, nem todas as memórias e aprendizados consolidadas no encéfalo são relevantes: o uso dos celulares nesse contexto pode se tornar um grande vilão na formação dos pequenos.
O especialista em Neurociências, Fabiano de Abreu, realizou um estudo sobre o tema chamado “Como desenvolver uma personalidade curiosa na criança: formatando novos engramas de memória e consolidando as informações como projeto de personalidade”, se dedicando a analise e constatando que o celular estimula comportamentos prejudiciais à criança através de doses de dopamina — neurotransmissor responsável pela sensação de satisfação e recompensa.
“Alguns estudos apontam inúmeros problemas relacionados à exposição de telas, que afetam de maneiras não só cognitivas como estruturais. […] Ao entreter sempre os filhos dessa maneira, criamos e reforçamos no indivíduo uma nova conexão neural. Nesse contexto, a criança aprende por meio do reforço e da secreção de dopamina […] que sempre que ela tiver um comportamento parecido, será recompensada com aparelhos eletrônicos, aumentando a frequência destes comportamentos” – trecho do estudo publicado na Revista Multidisciplinar de Ciência Latina.
O especialista complementa ainda que “a neuroplasticidade exerce um importante papel no desenvolvimento da criança, consolidando engramas de memória e auxiliando na aquisição de conhecimento, portanto, esse processo deve ser estimulado e o uso de aparelhos eletrônicos para entretenimento dos pequenos deve ser evitado, sendo substituído pela presença dos pais e o acompanhamento na formação da criança”.